segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Proposta indecente para fechar 2007

"Que tal aquele brinde que faltou?"

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Calma que o tempo alimenta a alma

Calma que o tempo alimenta a alma
Corre que o tempo escorre
Tédio é quendo isso aqui tá um porre
Porre é quando o tempo passou da conta
E nem sempre tem um porquê
Porque tem muitas formas de se escrever
Mas quase ninguém quer saber
Pois ir fundo é mais difícil que boiar
Mas é só assim que aprendemos a nadar

Pensei este texto dentro de um ônibus na Bolívia, vendo o lindo, enorme e incrivelmente azul Lago Titicaca (aquele mais-alto-e-maior-alguma-coisa-do-mundo). Um destes momentos-nada, olhando de uma janela, sem ter que dirigir, sem pensar em tarefas, onde estamos de frente para algo novo, monocromático e que encanta a nossa alma. Engraçado que este suspiro se transformou em algo produtivo, o texto de fim de ano de onde exerço meu labor. Ironia. Por estas e outras janelas, vi paisagens que encantaram meus olhos em 2007. Espero ter inspiração para fazer esta viagem aqui.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

2007, dois mil e tanto

Em uma noite de muitos eventos, após cumprir compromissos como a Festa da Firma e da Família, arrastei meu sobrinho de 26 anos, quase 2m de altura e atual residente de Moçambique, Luís Paulo, para um aniversário de uma amiga que acontecia em um destes lugares da cidade metido a chique e descolado.

Logo ele sente o clima favorável, pessoas aparentemente bacanas, alegres, amigáveis, alcoolizadas na medida para a ocasião e diz:

"Isso aqui cheira a vida!"

Lá mais para o fim da festa, em um momento íntimo, minha amiga e aniversariante Lisa me perguntou:

"Charmed, resuma 2007 em uma palavra.

Eu respondi: "2008".

A resposta surpreendeu a todos, inclusive a mim, e agora tento explicá-la.


Em 2007:

Fiz minha primeira cirurgia e quase morri de medo de entregar a minha vida a pessoas que nunca tinha visto.
Consegui ficar em casa quieto, sem achar ruim. Mas só por causa da cirurgia.

Saí na Sapucaí e quase morri de calor e cansaço: brochei na hora H. E daí?
As preliminares foram sensacionais.

Cuidei de um serzinho que amava até o seu fim.
Chorei muito, fiquei de luto.
E aquela cena da morte nunca mais sairá da minha cabeça.
Muito menos as inúmeras de vida.

Vi minha mãe insistindo em não querer ver.
Vi o meu amor insistindo em não ir.

O trabalho morre em mim.
Atravesso a América do Sul on the road.
A América do Sul me atravessa mais uma vez.
E o trabalho ressuscita em mim.

Tenho um ataque classe média, tiro meu dinheirinho debaixo do colchão e compro um monte de tijolos que ainda não sei quais castelos construir com eles.

No meio disso tudo meu ídolo me reconhece, manda beijos em entrevistas,
canta passando a mão no meu cabelo
Me chama para dançar no palco
Me lança olhares de cumplicidade, quer saber um pouco de mim
Senta ao meu lado e me faz confissões à meia-voz
Me confunde, depois me acerta.


E voltando à festa, minha amiga me pergunta:

“Charmed, resuma 2008 em uma palavra.”

Eu respondi: "2007".

Acho que em poucas palavras, respondi isso porque:

SÓ HÁ VIDA SE NELA ESTÁ INCLUÍDA A MORTE.


E neste ano o pacote veio completo.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

E se não vir

De repente uma dor no olho
Acho que vi demais
Vejo as telas, vejo filme
Vejo letras no papel
Nas placas, nos anúncios
Vejo longe, vejo perto
Vejo dentro
Vejo o que quero
E o que não quero
Vejo o bonito sem lentes
Uso filtro para não ver o feio
Poso para ser visto
Peço para não ser visto
Foco e desfoco
Vejo e guardo
Uma hora uso
Outra descarto
Vejo o invisível
E digo o indizível
Desdigo quando quero
Então diz aí:

E se não vir?

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Herança

Este ano meu presente de Natal para os meus pais foi o ingresso do Alegria do Cirque du Soleil. Sinceramente acho que não encontraria opções melhores em corredores de shoppings e seus arrastões classe média. Foi muito bom ver os olhinhos brilhantes dos meus pais, principalmente quando estes já viram e viveram tanto em tantos anos. Os meus brilharam junto. E minha alma cantou.


Aí me lembrei de um texto que escevi em 2001 e resolvi postá-lo aqui.

Herdei do meu pai:

O silêncio, a concentração, um tesão maluco pela ética, o medo de arriscar, a paixão pelas palavras, a vontade de ler para os outros o que acho mais bacana, o gosto pelo estudo, a paixão pelo esporte, o nariz grande, o amor à terra, a necessidade de encher o saco de alguém, o mau humor, a impaciência para compras, os cabelos lisos, a crítica.


Herdei da minha mãe:

O bom humor e as gargalhadas incontroláveis, o hábito de tapar o sol com a peneira, a mania de achar que está tudo bem, a necessidade de freqüentar shoppings quase que diariamente, o amor aos grandes centros, a tara pela beleza hollywoodiana, o pânico de dizer não, o medo das câmeras, os pés e as mãos enormes, a vaidade, a altura.


Herdei dos dois:

A transparência, um tesão maluco, colocar a família acima de tudo, ficar com a mesma pessoa por longos anos, a religiosidade, parte da bondade.

Ahmed da mãe, Calais do pai, Hamdan da mãe, Resende do pai.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

São tantos produtos

Eu disse: "Marina, já desistiu de se mudar para São Paulo, néam?"

Ela respondeu ao pé-do-meu-ouvido: Ai, Ahmed. São tantos produtos, tantas indagações...Um dia ainda eu vou te explicar tudo.


E ela falava em cigarros, aspirinas...

Eu falava de incensos, fivelas, restos de perfumes no frasco.

Tudo fora de ordem, invertido, o texto sem decorar.


Este fragmento de diálogo simplesmente grudou na minha memória.

Agora tudo que me perguntam:

O que você vai fazer hoje à noite?

Vai entregar aquele job quando?

Vai passar o réveillon onde?


Tem uma única resposta:


"São tantos produtos, tantas indagações...
E estes labirintos no meu coração."


Nem preciso aguardar um dia: já explicou tudo.


Segue abaixo a referência:

Estou Assim
Composição: Marina Lima/Fernanda Young

Estou assim
Como o mar que não chega na areia
Estou assim
Com esse sangue estancado na veia
Até você me ligar

Estou assim
Como um mês que não passa do meio
Tão assim
Esperando esse amor que já veio
Até você se tocar

Fivelas, cremes, incensos
São tantos produtos
Tantas preocupações
E esses labirintos do meu coração

Mas eu sei que quero, amor
E o que você disser será aceito

Estou assim
Um talento por pouco perdido
Quase assim
Como um som que não quer ser ouvido
Até você me amar

Estou assim
Com esse cisco caído no olho
Tão assim
Uma lata vazia de molho
Até você me cansar

Cigarros, aspirinas, restos de perfume no frasco
Tantas saudades
Tantas indagações
Nesses labirintos do meu coração

Mas eu sei que quero amor
E o que você disser será aceito

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A pessoa refletida no espelho dos seus olhos

No show fechado em BH, encontrei-me por acaso com o meu primo Nácer (aquele que lá no início me aplicou). Ele já havia me pedido para entregar uma poesia que fez para a Marina. Eu ainda não havia encontrado a hora, até porque a melhor pessoa para fazer isso era ele mesmo. Mas neste show, ele estava com o poema para a Marina em uma mão e, na outra, um para mim. Entregou ambos...em mãos. Olha isso:

Ahmed

"Onde nada se pode saber de verdade, a mentira é permitida."
Nietzsche


Que todos aconteçam!
Gosto de gostar de quem me cerca
Extravio objeções cancelas quinquilharias
Antecipo estigmas e enguiço os óbvios
Entendo a engrenagem
Vista daqui é suportável
Lido com meus ais sem aflição
Percorro corpos à minha procura
Sexo é subjetivo
Arte é liberdade conquistada
Deus reconhece quem das regras esquece
Não quero ser continuação
Aprendo com o meu reflexo, a minha expressão
Quero ser herdeiro do agora
Amplio o portal do tempo
Tudo se mistura e continua
Mais aberto solto imprevisível
Salto de um trapézio
E mergulho no nada
Sorvo no escuro a solidão do mundo
Ejaculo-me ao vento espraiado
Fecundo o dia
Coreografo o infinito
Sorrio pras estrelas
E inauguro a próxima estação


Nácer Hamdan Harmuche




E aí, viu algo de mim?

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

É na Lagoa que mora o amor

Estava sentado no cimento, conversando com fãs de vários lugares do Brasil e, pasmem, do mundo. Como todos que estavam ali, aguardava a Marina entrar em cena.

De repente vejo uma moça buscando o seu lugar. "Peraí, eu fui ao show dela em BH e fiquei encantado com a sua voz, simpatia, postura corporal, profissionalismo, resumindo, talento mesmo."

Era a Jussara Silveira, que eu gosto e que, gosta de Marina, que gosta dela (descobri logo todos estes links).

Disse aos amigos, vou cumprimentar outra cantora que tem me impressionado.

Ela me pediu para entrar em seu site: hoje entrei e encontrei um relato que queria muito que fosse meu.



MARINA LIMA NA LAGOA


Domingo, 25 de novembro - vi um show de Marina Lima, na Pista de Patins da Lagoa Rodrigo de Freitas e foi maravilhoso. Era uma apresentação contratada pela Prefeitura do Rio, comemorando o dia da NÃO VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER . Que, como dizia o slogan, “a não violência começa em casa”.

E como dizia aquela canção do Jorge Ben Jor... "Todo dia era dia de índio", penso que todo dia é dia de Não Violência contra a mulher e contra todo ser vivo e é muito triste constatar que a maioria dos homens vive num tempo de violência e se esquecem da delicadeza de cada dia, tão necessária à vida. Fico com o verso do enigmático profeta/poeta de rua, das ruas desse Rio de Janeiro: “GENTILEZA-GERA-GENTILEZA”.

Mas eu estava a falar de Marina Lima. Lembro-me muito bem de Marina, lá nos primórdios, para citar a própria Marina – ou citar Antonio Cícero, seu irmão, parceiro, grande poeta e letrista, que com tantas parcerias, medidas perfeitas de letra e música, reviraram minha vida.

Lembro-me bem daquele show, OLHOS FELIZES, onde um jeito de cantar e se comportar no palco eram totalmente inovadores e que tinha a direção de WALY SALOMÃO (homem imenso, cheio de um amor imenso). Não perco os shows de Marina, mas ainda não tinha assistido a esse novo e pude me deliciar com a apresentação das canções do novo cd que soaram ainda mais incríveis ao vivo, com a banda impecável, e ainda com "velhas novas canções tocantes" que marcaram tantos momentos e que ainda reviram nossas vidas; era o que eu sentia ao meu redor, com aquele coro de pessoas unidas pela fortaleza daquela grande mulher, que ao entoar os versos de NERVOS DE AÇO (Lupicínio Rodrigues), “desmaia” e volta imediatamente deslumbrante e antes de se lançar à próxima canção, diz no microfone: “- sobrevivi”. Sim, sobreviveu sim, é o que todos que acompanham a trilha de Marina, podem constatar.

Ela é cada vez melhor e é ao mesmo tempo, a Marina de sempre que nos seduz em tudo: com seu canto e seu jeito únicos.

Beijos,
Jussara Silveira

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O brinde que não faltou

Mas a dança não pode parar. "Ahmed, ela está te procurando!" Escuto a voz de uma amiga a me impulsionar para cima do palco. Subi, atirei-me nos braços dela e depositei minha cabeça sobre seus ombros, entregando-me sem pudor ao vício. Senti que tinha vivido muita coisa para chegar ali. Envolto a muitas pessoas conhecidas e a outras distantes, sob as luzes, sobre o palco, no lugar onde as minhas emoções foram lidas da maneira mais intensa, já que ali eram traduzidas em arte. Ao redor, tudo escuro. Dentro uma clareza de que aquele momento era realmente meu e que, nem um pequeno caos do destino poderia roubá-lo de mim. Sob o doce instrumental de Virgem eu era desvirginado. Despido de vergonha e de medo. Abraçado a um amor real, de onde músicas, letras e, mais do que nunca, danças eram fabricadas com o destino certo do meu coração. Eu debruçado e acolhido por uma fábrica de poemas e emoções que me tocaram em distintas fases da minha vida. É incrível, mas esta fração de tempo durou isso tudo. E quando não era para durar mais, saltei do palco em uma gesto contido de comemoração. Naquela momento havia deixado de ser apenas fã para que alguma intimidade fosse batizada. Ao fim da canção ouvi um "quero agradecer ao meu queridoco Ahmed e ao rapaz que não sei o nome, mas que também é um gato". Com o testemunho de todos presentes, meu maior ídolo havia se tranformado em amigo. E a partir dali nem mais um único brinde iria ficar sem som.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Fechado para o Ahmed (nem precisava ser tão literal)

Alguns dias começam melhores que outros, claro. Para curar minha ressaca não-alcóolica matinal e minha vontade de ser médico por um dia só para ser convidado para este show patrocinado por um laboratório de extremo bom gosto, recebi este e-mail assim que cheguei ao trabalho:


Oi Ahmed
Tudo bem?
A Marina gostaria de te convidar para o show que vai acontecer aí em
BH no Palacio das Artes no dia 22 de Novembro. Posso confirmar a sua
presença e do seu acompanhante?
Fico no aguardo.
Beijos
Fabi W.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Para a minha mãe, D. Léia

"O sujeito perde aquilo que lhe é mais caro." Lacan

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Um normosofóbico delirou lendo isso.

O Fábio Honório, do Rio, postou na comunidade da Marina Lima e eu adotei. Agora é meu!

NORMOSE

Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de
normose, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido.
Quem não se "normaliza" acaba adoecendo.

A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?
Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado.
Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá
quem for todos.

Melhor se preocupar em ser você mesmo. A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato?
Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.
Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não tentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais. Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.

Martha Medeiros (05.08.07-Jornal Zero Hora-P.Alegre-RS)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Pérola Negra

"Dos artistas do Rio, metade é preto que acha que é intelectual, metade é intectual que acha que é preto." Na atual onda das patricinhas-que-cantam-samba, acho que mais esta polêmica e genial frase do Tim Maia pode ser estendida a todo o território nacional.


Em contraponto, outra frase que amo: "isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além." Paulo Leminsky.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Não é por nós dois

Entre a passagem de som e o show, em casa, eu não sabia o que iria me ajudar mais: um personal stylist ou uma boa dose de coragem. Investi na segunda opção, até porque me considero o melhor personal stylist de mim mesmo e não tenho o menor problema com vestuário. Vesti um dos meus uniformes e fui ao show com a cara, com a tal coragem e um bolo de ingressos na mão. Estes seriam entregues a fãs amigos e familiares:alguns da Marina e outros meus, entende? Na verdade, acho que todos dos dois. Os que não eram fãs trataram logo de inventar uma doença, um medo ou uma falta de grana para justificar a ausência e tudo ficou por isso mesmo. O nervosismo estava o normal de show: ansioso, inquieto, descontrolado, estabanado. Normal. A música da dança era tipo a sexta ou sétima do set list. E até que consegui curtir o que rolou até este momento. Aí Marina sai do palco de forma teatral (desmaiada nos braços do contra-regra, é muito bom!) e volta cantando a minha música predileta. "As coisas não precisam de você", Ahmed! O show não precisa de você. Esta música não precisa dos seus passos duros e toscos nem dos seus desafinos, da sua emoção tola, banal, barata. Não precisa mesmo que você, em mais um ataque egocêntrico de caçula mimado, já a tenha tomado para você mesmo. Putz, é agora? Vai rolar a parte instrumental e ela...e ela..e ela...em um local que havia combinado, mas depois descombinado não me chama e, sim, um cara levemente parecido comigo. E os dois bailam ao som da minha música. E por um segundo, nada daquilo "foi por nós dois nem lembrou o nosso amor."

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Para sempre

Falando sobre a mesma mostra, vi uma criança passando pela Praça de Santa Tereza e dizendo para o seu avô: "O cinema deveria ficar aqui na praça para sempre, vô!" O cinema é mesmo a arte de fazer as coisas durarem para sempre, inclusive cenas que não foram filmadas.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

Hoje começa a Mostra CineBH. Trabalho neste projeto como agência de publicidade há mais de um mês. Na abertura o filme: Castelar e Nelson Dantas no país dos generais. Não posso perder. Acho que, nos últimos dias, será a minha mais preciosa chance de dormir tranqüilamente.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Fechado

No dia 22 de novembro, Marina irá, novamente, dar um show no Palácio das Artes, só que fechado. Lá na comunidade do Orkut, um fã belo-horizontino perguntou: fechado para quem? Aí um fã carioca respondeu: fechado para o Ahmed. Ok,Wallace. Fechado!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Gira, roda: como um pierrot

Minha amiga Adriana Girão conta:

Neste fim de semana no Rio, eu e mais duas amigas do Ahmed estávamos passando em frente ao hotel Fasano e comentamos: aqui é fácil ver um famoso. Logo, vimos a Marina esperando um táxi na avenida. Falamos “Marina!” e ela nos cumprimentou. Quando passamos por ela, gritamos: “Marina, a gente é amiga do Ahmed!”. Acho que ela não entendeu porque só gritou: “Valeu!”. Deve ter achado que eram fãs histéricas gritando um elogio qualquer. Só que, para mim, a coisa mais natural de dizer para a Marina é isso mesmo: eu sou amiga do Ahmed. Ele é o que temos em comum.

Até porque eu adoro a Mariana, mas sou fã mesmo é do Ahmed.

Dri, tenho certeza que ela adorou 2 fãs que estavam no show se manifestando espontaneamente. E você tem muitas coisas em comum com ela, além de ser minha amiga. E aquele tanto de cd na sua casa, no carro,nas viagens? Beijo de ídolo e obrigado!

Ah, e sua música estava neste mesmo bloco de comentários:"cada cidade é uma ilha, sem laços, traços, sem trilha. E o mundo a nos rodear."

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Difícil: sempre.

Continuando a nossa conversa, fui convidado para a passagem de som através de uma promoção na web. Entramos num Palácio das Artes completamente vazio às 17 horas do mesmo dia do show. Só a equipe da produtora e os 4 vencedores da tal promoção: eu, Daniel, Rui e Rafael. Marina já estava no palco iniciando o ensaio. A primeira imagem já me impressionou: uma mulher linda, com um corpaço de Bebel dentro de uma calça-jeans-daquela-marca grudada no corpo. Uma bota preta de salto até o joelho, uma roupa meio bata com uns brilhos de strass, eu acho, e um chale envolvendo a garganta. Era uma imagem linda, mas agressiva. Parece que me bateu uma luz e, a partir dali, pude entender porque nem todo mundo dava conta daquilo (tudo). Era muita sensualidade, muita gostosura, muita presença: ou você amava ou repudiava. Ficar passivo diante é "difícil: sempre." A segunda impressão impressionante foi a atuação profissional. Séria, passando música por música, sempre querendo melhorar a qualidade do som,da luz, afinar-se com a banda. E que som: novo, inquieto, atual. Uma sonzeira. Muito barulho, muita sacada criativa, músicas antigas com novos ritmos, músicas novas realmente novas.Isso em um universo de uma musicalidade vigente tão igual é destoante. Mas a música pára e ela solta uma pergunta no ar: "o Ahmed está aí?"Ninguém respondeu. "Fabiana, o Ahmed está aí? Chama o Ahmed pra mim." Eu gritava, mas parece que a minha voz se dissolvia naquele grande teatro e não chegava ao destino. Mas como fui solicitado, atendi aO Chamado. Cheguei na beirinha do palco, soltei meu ei fingindo estar à vontade, dei beijinho como se tudo estivesse normalíssimo e ouvi:"Oi, querido. Você sabe que eu vou te chamar para dançar hoje. En†ão, vamos combinar..." Voltei para a minha poltrona com tudo combinadíssimo. O lugar, a hora, a música (é sempre em Virgem), e continuei a levar aquele banho de profissionalismo, experiência e segurança. No fim ela chamou os 4 na beirinha do palco e agradeceu a presença. Imagina! Em seguida,fui para casa muito tenso. Sem saber o que fazia, liguei para o meu irmão e disse que a Marina tinha combinado umas coisas muito estranhas comigo, mas não podia falar o que era. Ninguém sabia.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Minha Tropa de Elite

Oi Med e Rui,

estou me lembrando de vocês e pensando que foi ótimo estarmos juntos no feriado. A semana passou rápido, acontecimentos inesperados e quando chega o fim de semana posso retomar um pouco o clima que curtimos e aí vem a vontade de ouvir Marina, ir à praia, conversar, armar uma saída... Valeu, valeram tantos momentos.


Bom, o Chamado da Marina ainda estava na " vitrola", deixado por nós no fim de domingo. Bom motivo para ouvi-lo novamente.

É isto , estejam bem, que a gente se encontre sempre.

Um beijo,

Lis.


*E quem colocou o disco na vitrola nem fui eu, e sim, meu cunhado Ney. Está aí a vida para oferecer momentos de pura afinação.

sábado, 20 de outubro de 2007

Eu presto muito atenção no que o meu irmão ouve

De Antonio Cicero para a sua coluna semanal na Folha de SP, hoje: Afirmei que "Deus, um delírio", de Ricahrd Dawkins, é um livro desigual, mas que merecia ser lido. Trata-se de uma obra ambiciosa, pois pretende demonstrar, para um público culto, porém leigo, não apenas que a probabilidade de que Deus não exista é infinitamente maior do que a probabilidade de que exista, mas que o ateísmo é uma posição eticamente superior ao teísmo. Segue-se que uma sociedade democrática composta de indivíduos que, em sua maioria, conseguissem dispensar a religião - ou, pelo menos torná-la assunto puramente privado - teria grande probabilidade de ser melhor e mais feliz do que as sociedades em que isso não havia ocorrido."
Não é a primeira vez que vejo Cicero citar esta questão, muito menos a primeira crítica que li deste livro. Não é a primeira vez que penso nisso. Uma vez li que "a maneira mais fácil de ser antiético é através da religião". E foi o próprio Cicero quem desenvolveu este raciocínio nesse mesmo espaço. E só para emendar este assunto com o tema principal do blog: mais uma grande coisa que Marina me proporcionou conhecer: o irmão.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

É festa no meu apartamento

A iminente presença da cantora na cidade já havia me proporcionado vários prazeres. Um deles eram 4 programetes diários que rolavam pontualmente às 9h40 da manhã e mais 3 vezes ao dia. Sendo que a minha agenda e fissura sempre faziam que eu aguardasse o Momento Marina Lima da manhã. Antes disso eu não funcionava, tempo verbal que pode ser substituído pelo presente perfeito. Fiquei um mês escutando pequenas explicações sobre canções, seguidas da própria obra, histórias das quais algumas já sabia e outras não. Muito legal esta forma de promoção, já que saber mais é sempre motivo para entender e gostar mais. Próximo ao dia do show, Marina chegou à cidade e, entre as entrevistas que participou, um bate papo em um importante portal me marcou. Assisti em casa, a imagem era gerada em vídeo e podíamos ver e ler a entrevista. Incrivelmente, nem uma pergunta minha conseguia ser enviada. Em outro chat de São Paulo e, após mais de 10 perguntas sem êxito, uma perguntinha chata passou pelo crivo do moderador. No dia do chat em BH, o meu computador já fez questão de fazer uma peneira intransponível. Após uma hora de entrevista sem a minha participação, antes de finalizar Marina pede para mandar um recado para uma pessoa: "Eu queria mandar um beijo para o Ahmed, ele sempre reclama que não venho a BH. Eu tô aqui heim?!!!" Eu fiz uma cara que me disseram ter sido inesquecível e...chorei de emoção. No texto do chat, o jornalista transcreveu meu nome como Wallace (que havia enviado muitas perguntas), o jornal não tem as imagens para comprovar (não precisa, só queria guardar). Eles não sabiam falar nem escrever o meu nome, mas a entrevistada sabia e o pronunciou claramente. Sei porque talvez este seja o som que os meus ouvidos mais sabem diferenciar. E este é o tipo de acontecimento que eu sei GUARDAR. Maldito ou bendito nome! Disso eu ainda tenho dúvidas.

Fluoxetina

Depois de chegar do Rio com a mesmíssima sensação de quando era um adolescente deslumbrado de 14 anos, apaixonado pela cidade, encantado com as pessoas e lugares, o remédio foi, de maneira urgente e calculada, assistir a Tropa de Elite.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Me perdôo por te trair

Ah, gente. Isso nem é traição, é homenagem (mais uma). E a necessidade de apagar não se estende a este blog e sim a outro meio. Que mal há? manifestações em público já foram feitas, só que estas pertencem aos próximos capítulos desta história. Agora, um conselho: quando estiver lendo imagine aquela voz única e incrivelmente rouca, ok? Está aí, ipsis literis.

Marina: Ahmed, nossa, adorei!!! seu blog ta muito bacana e vc escreve super bem! Fiquei surpresa e feliz por vc, por nós...ótimo isso, agora vc também tem um espaço pra postar o que tiver vontade; sobre nossos encontros ou sobre suas impressões em geral...eu adoro escrever, acho estimulante e vi que vc tem jeito pro negócio...parabens. sempre que puder vou dar uma olhada nele. Estou indo viajar de férias, volto no fim do mês. um beijo, se cuida. M.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Traio ou não traio?

Este blog é cheio de visitantes ilustres e extremamente queridos. Tem aqueles que participam, deixam recados, tem aqueles que só dão uma lida e depois comentam comigo, tem aqueles que nem comentam e tem aqueles que nem lêem mesmo, mas estão tão presentes que...ah, por favor, não vou dar crédito a quem ignora o meu ato disarmed porque aí é ser demais o moço-bom-e-mala-de-novela. Mas ontem recebemos uma visita muuuuuuuuuito especial. Exatamente quando resolvi criar este espaço, ela estava superocupada com uma série de 9 shows em 10 dias e não dava nem para saber de Ahmed nem Disarmed. Junto com a visita, uma mensagem em lugar confidencial que terminava assim: "apaga esse depoimento, tá? bj." Só que este depoimento só eu posso ver, nem preciso apagá-lo. Mas este tipo resposta é tão importante para legitimar a minha paixão, a minha ação, a minha falação que eu gostaria muuuuuuuuuito de publicá-lo aqui. E nem há nada de mais, trata-se apenas de uma manifestação de carinho de uma pessoa muito querida, que eu já amava mesmo antes de conhecê-la. E aí? Traio ou não traio?

domingo, 7 de outubro de 2007

"Quem vai dançar comigo?"

Cantando em shows a minha música predileta, Virgem, Marina sempre chama uma pessoa amiga, íntima ou atá mesmo alguém por sorte ou azar, dependendo da visão, para dançar no palco com ela. Recentemente ela começou a chamar os fãs mais ardentes ou queridos, depende, para subir ao palco e dar um showzinho à parte. O que no início se restringia ao irmão Antonio Cícero (que nunca aceitou o convite, eu acho) e outros íntimos foi se alastrando para o delírio, curiosidade e interatividade dos fãs. Vi amigos dançando e enquetes na comunidade com o tema "quem vai dançar com a Marina no show de tal cidade" pipocando. Chegou uma hora que o Topo Todas foi anunciado em BH quase simultaneamente à mesma pergunta em um tópico no Orkut. Nunca dancei juntinho em baile, casamento e afins até por uma ausência absurda de habilidade. Tenho pânico de palco devido à minha timidez e outros fantasmas. Quando via meus novos amigos dançando no palco, não sentia a menor vontade, apesar de saber que eles gostavam muito e se tornavam mais populares ainda entre os integrantes. Com a enquete publicada, vieram as respostas: TODAS com o meu nome. Dancei!

Longevidade

Uma amiga fumante convicta que trabalha em um órgão público ligado à saúde me contou um caso que adorei. Ela viu uma senhora bem velhinha aguardando ser atendida e fumando. Devido à sua própria condição de fumante, aproximou-se da senhora e após alguns rodeios perguntou:
_Quantos anos a senhora tem?
_92.
Surpreendida e esperançosa ela continuou.
_E há quantos anos a senhora fuma?
_Dois.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Outros olhos, sem armadilhas

Não fui ao show do Chico. Quando o carioca estava em BH, o mineiro aqui estava no Rio. Para compensar, comprei o dvd. Não sei se alguém mais percebeu, mas na abertura tem um painel que fica à frente do palco com o seguinte escrito na parte inferior: MAR_INA. Sim, 'é por nós dois e lembra o nosso amor.'

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Ela é minha fã

Não vou falar do show em si, mas do encontro de amigos pós-show. Fui ao camarim para fazer nada. Disse com ironia à Marina que estava voltando porque a foto do dia anterior não tinha ficado boa. Detesto essas fotos, mas se você não tiver isso para fazer no camarim, a coisa fica mais constrangedora ainda. Fiz uma nova péssima foto, mas que gosto de ter guardada como registro (na verdade não sei qual das péssimas tenho guardada). Na porta do teatro já formamos uma turma de umas dez pessoas. Fomos bebemorar (uns com vodka outros com ice tea) em um quiosque de Niterói com uma linda vista para a Baía de Guanabara. Muitos cariocas na mesa, mas o Paulo (que me reconheceu no dia anterior) é carioca de Governador Valadares. A Monica é carioca mesmo, da gema, mas já revelou que mora em BH, no bairro Santo Antônio, ou seja, é minha vizinha e professora de várias pessoas que conheço das escolas de design ou artes. "Nunca te vi no supermercado" ela disse não sei se com humor ou sem. Fernando já dava o ar da sua graça com tiradas bem-humoradas. Conversamos muito sobre vários assuntos: todos referentes à Marina, claro. Estava tão agradável que em alguns momentos até perdemos o foco e falamos de outras coisas. Ganhei uma supercarona da Ursh para o Rio, escutando Primórdios ao vivo no Canecão (cd que só toca em players dos muito fanáticos que gravam o show com gritos, ruídos, palmas, cantos megadesafinados, uhus irritantes e todo o tipo de interferência possível). Paulo falava de Marina sem parar. Fiquei meio impressionado e feliz por me sentir extremamente ponderado e quase nada tiete perto destes novos amigos. Dormi feliz, pensando nas duas agradáveis apresentações de estréia do Topo Todas Tour. Dias em que ser fã ou ídolo era quase a mesma coisa, já que todos presentes éramos fãs e ídolos uns dos outros. E o mundo virtual desvirtuou toda uma hierarquia antes estabelecida no mundo real.

sábado, 29 de setembro de 2007

O inverno no Leblon é quase glacial

"Cariocas não gostam de dias nublados". Eu, como não sou carioca, gosto, mesmo no Rio. Um dia frio no Rio significa 24 horas para a cidade sem dividi-la nem um minuto com o Oceano Atlântico. Fazer nada, tomar café tranquiiiiiiiilo, passear, passear, sem ansiedades de verão. Tentei aproveitar o domingo para descolar um ingesso para ver "A Alma Imoral" no teatro. Ingressos esgotados (nem tudo é perfeito em um dia nublado). Mas o termo sold out me gera uma vontade imensa de encontrar um lugar para mim na platéia disputada. Aciono minha irmã que tem contatos na produção, "fala que moro fora, que já li o livro, que não posso ver em outro dia". Desta vez não funcionou. Ingresso? Só semana que vem, se quiser ainda. Não levo a mal, me levo para passear no Paço, no CCBB e arredores. Depois de ver o que tinha para ver, almoço. Este acaba meio-sem-querer-sob-um-cálculo-incoscientente-exato às 18h. Estava ao lado da Pç XV. Tomei a balsa, atravessei a Baía de Guanabara rumo a Niterói e atrás de quem eu queria ver novamente...cantar.

(Dentro do parêntese) e pause na cronologia

(Recebo uma ligação de minha irmã Lis, que mora no Rio. Ela assiste ao programa Conversa Afinada da TVE, que não rola em BH. A entrevistada é Marina, e o show é o Topo Todas gravado justamente em Nikiti. Ela coloca o fone no som da tv e eu escuto a inconfundível voz incrivelmente rouca se pronunciando. Logo em seguida, cantarolando "meu amor se você for embora, sabe lá o que será de mim". Esta ligação transforma o meu humor. Muito a ver, eu com este show na cabeça, escrevendo sobre ele e um relato simultâneo transmitido para todo o Brasil, menos BH, que fica com o clássico Galo x Cruzeiro, eternamente buzinando em nossos ouvidos. Expliquei que era um especial em 4 capítulos e que rolou desde terça, estávamos na sexta e havia um resumo no sábado. Que bom que algo a fez ver o que estava rolando na TVE. E outro algo mais forte ainda a fez me ligar. Saio para encontrar amigos e comemorar o dia 29 com o nhoque de São Genaro, que traz fortuna, para mim no sentido de felicidade. Uma amiga me conta que outra amiga disse que é encantador me ouvir falar dos casos-Marina, em forma e conteúdo. Ao lado, outra logo completa que leu este blog, não comentou, mas adorou. Fortuna! Sempre me bastou estar a fim, mas com amigos é muito melhor. Quanto à Conversa Afinada original deste relato, ainda irei saboreá-la, em algum lugar do Brasil. Ou até mesmo em BH.)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Meu mundo você é quem faz

Eu estava realmente feliz com o meu anonimato, mas a partir daí não tinha mais jeito. E olha que ser reconhecido fora da sua cidade, por este ou outro motivo, não é de todo ruim. Fora de casa nos sentimos muito mais abandonados e inseguros. O que também tem seu lado bom. Assimilei rapidamente o momento de "fama". Sim, sou eu. A saída do teatro se abriu e coincidia com uma fila que ser formava para a entrada do camarim. E desde os 16 anos de idade não me via em uma destas filas. Avistei logo outro fã que eu sempre conversava pela internet. Aí eu mesmo me apresentei e começamos uma conversa que parecia de pessoas que se conheciam há anos. Eu estava naturalmente na fila, mais para falar com meus novos amigos que para pedir autógrafo ou fazer uma foto digital. Outros "amigos íntimos" se juntaram e, em alguns minutos a porta se abriu e uma voz perguntou "quem são os meninos do Orkut?". Levantei a mão com firmeza, sem nem pensar. Não tinha dúvida, eu era participante ativo da comuniaodade Marina Lima do Orkut. Até amigos que me deixavam bem à vontade na primeira vez que os via, eu tinha ali. "Marina quer ver vocês primeiro". Quem estava na frente reclamou, claro. Perguntavam se éramos parentes. A produtora fez uma piada falando que éramos muitos , tentando afastar os penetras. Nós nem tchum, entramos. Fui o terceiro. Muito tímido, muuuuuito sem graça, soltei o meu oi e ouvi de uma voz incrivelmente rouca e macia: "você eu já conheço". Por um frame passou pela minha cabeça: será que ela se lembra de mim lá da última vez que estive em uma fila no camarim de um show no Palácio das Artes em 1987 quando eu tinha 16 anos? A voz voltou a invadir as minhas conclusões. "...de uma foto no Orkut." É...a internet realmente mudou o mundo, inclusive a relação entre os mundos de um fã apaixonado com o seu ídolo extremamente atento ao mundo que o cerca.
Para registrar: quem me reconheceu na platéia foi o fã ardente Paulo Soalheiro e quem eu já conhecia melhor, via web, é o Gustavo Coquet.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Lá nos Primórdios de tudo

Meu caso com a Cantora Marina Lima é de longa data. Ela surgiu para mim nas telas do início dos anos 80. Teve um especial chamado Mulher 80 no qual apareceu em meio a outras cantoras de grande nome da música brasileira. Ainda era uma "quem é essa?" em teste para mim e para muitos. Vale lembrar que em 80 eu tinha 9 anos de idade. Uma seqüência de especiais como A Arca de Noé no qual ela cantava a música do gato, meu bicho preferido na época e muitas participações em programas de auditório me despertaram a atenção. Acho que o mundo dela já fazia charme para mim. O primeiro vinil que realmente escutei inteiro até arranhar foi o "Desta vida, desta arte" acho que de 84, apresentado pelo meu primo Nácer. Eu nem tinha, mas éramos tão amigos que dava no mesmo. Fullgas de 85 ou 86 foi o primeiro que comprei. E não parei mais. Estamos em 2007 e minha paixão pela obra e música, poesia e comportamento desta incrível artista não se interrompe. E o que antes parecia tímido em mim, contido, tem motivos de sobra para ecoar. Ou melhor: não tem motivo algum para se calar.

O Hotel Marina quando acende

A internet realmente revolucionou as nossas vidas. E transformou muitos sonhos em realidade. Escrever é um deles. E estou aqui para fazer isso, independente de quem se interesse em ler, escrevo para mim e para quem estiver a fim. Na internet descobri a comunidade Marina Lima do Orkut. Algumas vezes eu lia, escrevia algo, opinava sobre isso ou aquilo. Em um determinado momento algumas pessoas deste espaço sinalizaram que gostavam do que eu falava, do meu jeito de me colocar e pontuar. Eu adorei sentir esta aceitação. Tínhamos um gosto em comum muito forte e nada fácil e, por mais que pensem ao contrário, sempre controverso e em momento algum unânime. A carreira da Marina apontava para um caminho bacana com o show multimídia Primórdios apresentado inicialmente em novembro de 2005 no Auditório Ibirapuera em São Paulo. A imprensa, formadores de opinião e público que viram estavam chocados com o poder criativo da artista junto à sua equipe dirigida por Monique Gardenberg. Fui ver este show em setembro de 2006 com a minha irmã Lis, que mora no Rio. Isso no Canecão. Ainda era um fã comum. Vi, chorei, babei com o espetáculo, com a coerência e o bom gosto. Minha irmã também se impressionou. Saímos do show e fomos a uma festa de aniversário na Casa de Pedra, na Gávea. Eu era apenas um fã, mas algo especial estava para acontecer.

Topo Todas em Nikiti

As minhas passagens pelo Rio de Janeiro são freqüentes e, muitas vezes ou sempre, deliciosas. Mesmo com alguns horrores típicos da cidade. Vivo em Belo Horizonte, uma cidade entre as montanhas que tem um olho apontado para o passado, a mineiridade, o interior e outro voltado para a cultura, a tecnologia, o lado cosm opolita. Hoje já escrevi no meu trabalho (sou redator em uma empresa de propaganda e tenho o privilégio de exercer a escrita no meu labor) que este enigma é que nos deixa mais interessantes. Somos modernos ou jacus? As pessoas nunca sabem. Nós não sabemos. Ainda.
Mas os cariocas também são muito enigmáticos para mim. Parece que para muitos que os reparam mais de perto. Meu cunhado é carioca, típico. Adoro. Só a partir daí já não dá para generalizar nada. Confesso que há algum tempo sentia algum tipo de raiva, de preguiça ou de inveja mesmo. Encanto é o que nunca deixei de sentir pelo Rio, pelo mar, pelo seu povo. Confesso. E isso foi ficando cada vez mais real, verdadeiro e natural em mim.
Foi em um daqueles feriados que acertam a quinta, que deixam a sexta um dia impossível de trabalhar e que estava no Rio que, por uma feliz coincidência, tinha show da Marina no Tetro Municipal. De Niterói. Pegar a balsa, não saber se tem como voltar e outros nunca me meteram medo. Eu vou e depois a coisa se resolve. Sempre. E fui.
Tinha comprado um ingresso por internet numa ponta extrema da primeira fila, mas era primeira fila. Comecei a ver o show que acabava de ser nomeado "Topo Todas Tour" por um outro fã internauta chamado Alessandro (que não conheço). A proposta era ser um show mais simples, com 3 ou 4 músicos no palco para viabilizar a turnê dos Primórdios que havia se restringido às cidades "ponte-aérea", "Via Dutra', "do eixo", vocês sabem. Comecei a assistir ao show com cara de paisagem. "Já vi o bom, este não é nada". Atrás de mim havia um adolescente (18/20/22 anos é adolescente!) que cantava muito, inclusive fazendo o celular de microfone. Imediatamente me coloquei no lugar dele. Será que sou assim? Que pago este mico? Ao meu lado um casal da Melhor Idade. Ela empolgadíssima, apaixonada. Ele (quase) dormindo. Meu olhar blazé deve ter resistido até a quarta ou quinta música. E quem pagou o pato foi o velhusco! Com a amada de um lado e Ahmed (eu, tá?) do outro, o sono do bicho foi ficando cada vez mais impossível. Alugamos o ouvido dele por um longo e interminável tempo (para ele). As mínimas cadeiras do Tetro Municipal (de Niterói) ficaram ainda mais mínimas para ele. Coitado de quem vai a um show que não tem afinidade nenhuma ao lado de uma pessoa que ama o artista. Já fiz isso, não faço mais. Não me esqueço dela cantando no ouvido dele e segurando a sua mão: "Não faça assim, não faça nada por mim, não vá pensando que eu sou seu." Lindo, romântico.. para ela(e para mim, não para ele). Também não me esqueço do meu descontrole, apenas falando, melhor, berrando para a Marina na boca do palco: "VOCÊ (MARINA) ME ABRE OS SEUS BRAÇOS E A GENTE FAZ UM PAÍS!"Pronto, paguei o mico. Foda-se. Mas aí uma voz veio em direção a mim e me perguntou: "Você que é o Améd, não é?"