segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pai e Mãe

_Fiz o seu papel ontem. _O que foi? _Ele estava dormindo. Apaguei a luz do quarto e o cobri. Estava com frio. _Por que meu papel? _Papel de mãe. (Papel da mãe. Ato do pai. Ele no texto, felizmente, sou eu. E ainda me perguntam porque não sou adicto de muita coisa nesta vida.)

Quando a segunda-sol chegar...

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Photo Shop

Vidas photoshopadas nas redes sociais. Onde está a sua feiúra? Nunca a vi, mas sei que é a coisa mais bela que possui. E a única original.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Para Woody Allen, com amor.

Sei que não é fácil, mas, mesmo sendo um sucesso comercial, tem hora que é melhor fechar a agência de turismo. Com amor, Ahmed

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Nós, idiotas. (A experiência de 7 horas em uma peça de teatro.)

"Todo mundo" ri, acha demais, coisa-de-gente-à-tôa, sacanagem da organização do evento, modismo e o diabo-a-4. Comprei ingresso para assistir à peça "O Idiota". Adaptação do livro homônimo de Fiódor Dostoiévski, escritor russo do século 19 pelo qual tenho profunda admiração, adoro a leitura e que me faz delirar com estas características próprias de nós humanos. Claro que só descobri a duração da peça um tempo depois de comprar o ingresso. Como reservar 7 horas da vida ocidental corrida para uma peça de teatro? No sábado? E o trabalho que não foi terminado? E a cerveja? E os amigos? E o fim de semana que se vai? O evento se inicia às 19 horas? E a outra peça de 23h que comprei achando que o intervalo de tempo era mais que suficiente? E o show que foi marcado exatamente no momento central desta peça? Ah...vou assistir às 2 primeiras horas e vou vazar pro show. Tá bom demais! 19h: o espetáculo vai começar no Espaço 104, Praça da Estação, Belo horizonte, 23 de junho de 2012. Fila, ingressos esgotados, pessoas em uma fila paralela loucas-querendo. 19h15: o espetáculo ainda não começou. 19h30: começou. Personagens enconstados na parede sobre caixotes. São seus camarins. Escrevem seus próprios nomes das próximas 7 horas logo acima de si, na parede. Trocam de roupa. Conversam com a gente.Cantam. 20h: vamos para a estação de trem. Vamos a São Petersburgo. Eu, pela segunda vez. (rsrsrsrsrs;). O público se senta entremeado pelos atores que balançam seus corpos com o "movimento"do trem e começam a contar a história de um príncipe pobre que sai de um tratamento de eplepsia na Suíça e vai em busca de uma prima nobre na Rússia. Chegamos a Saint Petersburg. Correria para sair do trem. Vamos para fora do espaço 104. Mas ali não é a Pç. da Estação de BH? Não. A placa na parede nos indica que estamos na Rua Sadóvaia. Estamos mesmo na Rússia. O príncipe toca a campainha na casa da nobre prima distante Lisavieta. Ele convence o empregado a deixá-lo entrar. Somo convidados a entrar juntos. Ele deve esperar em uma cozinha. Lá, atrás de um grande balcão, os atores picam cebola, tomate, salsinha, cortam o peixe: comidas reais com seus cheiros e efeitos. Na próxima cena, somos convidados a mudar de espaço e passamos por uma cozinha real, onde funcionários, também reais, cozinham. Será quem vai jantar? Nós??? O Príncipe Míchkin é apresentado à dona da casa. Uma mesa gigante é simulada no chão por meio de um forro imaginário com uma trama muito detalhada, feito com sal (ou açúcar). A plateia se senta em volta. Alguns desavisados pisam na mesa e chamar a atenção deles para que saiam de cima, vejam onde pisam e reconheçam melhor o espaço em que se encontram faz parte da temática. Em um determinado momento destes citados, o funcionário da casa pergunta ao príncipe se ele tem tempo para esperar, já que esta espera pode demorar bastante. E ele responde: "Tenho, sim. O meu tempo é totalmente meu." Esta frase silenciou o meu relógio. E aí aconteceu uma festa com espumante e brinde de todos, com a exata sensação de ter sido transportado para outro tempo-espaço. Teve intervalo com o "jantar" que realmente estava sendo feito para nós. Houve a cena da mimada e inteligente personagem Aglaia, filha de Lisavieta e apaixonada pelo príncipe pobre, correndo, abrindo o grande portão do lugar, fugindo e atravessando a rua. Um carro passa logo em seguida, quase por cima dela, mas isso na vida real. Houve um texto mágico, encenações absurdas com cenários inteligentes, iluminação e música envolventes, atores maravilhosos e presos, no bom sentido e no momento certo, em seus personagens. Não houve outros compromissos. Perdi-os. E daí? Quem disse que perder é tão ruim? Quem disse que não pode? Este não vive. Neste tempo, ao menos. Não tem tempo. Está sempre fazendo algo que não está no presente. Nunca está ali. Está nem aí. Tem compromissos demais e, por isso, não se vê e ninguém o vê se dedicando a nenhum deles. Foge sempre para outro. E está constantemente sendo atropelado. Relógio: 2h30 da manhã. 7 horas de encenação. Teve um tempo que foi totalmente meu. Quero que isso aconteça sempre. Na vida real. Não só em um festival de teatro. Não só de vez em quando. Não só no fim de semana. Não só nas férias. Não apenas em um trabalho, mas em todos. Sempre. E dá tempo. Este tempo é completamente meu.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Calais

Meu pai Calais e meu avô, também Calais, foram homenageados por uma escola no desfile cívico de comemoração de 100 anos da cidade de Bom Despacho. Em outra homenagem, ele também recebeu a Medalha Centenário na Câmara Municipal. Ali ele leu um belo texto, escrito por ele mesmo e foi muito aplaudido. Antes ele me pediu para revisar e propor mudanças. Quem sou eu ?! Me senti um netinho, um caçulinha, um Medinho ou, como falam por lá: um Calaisinho mesmo. E com MUITO orgulho! O texto abaixo é de Lucinha Gontijo. TAL PAI, TAL FILHO. E a história continua. José Calais de Resende Filho O menino nasceu em Bom Despacho. Filho do fazendeiro e grande empreendedor José Calaes de Rezende. Passou sua infância na fazenda São José, berço doce de um pedacinho da querida cidade que um dia se transformaria num belo e nobre bairro. Em seu pedaço de chão, o menino sonhava e brincava com a natureza que estava a seu dispor. Corria pela campina e se envolvia com a suavidade do vento que balançava seus cabelos. Era feliz esse menino! Tirava leite das vacas, capinava roça, dirigia caminhão e adorava se aventurar nas águas do Córrego do Antenor. Já crescido, Calais gostava de ir aos bailes, ao cinema e jogos de futebol. Nessa época já se apaixonara pelo Atlético, time do seu coração. Paixão maior teve pela sua querida Léia Handam com quem se casou e teve 10 filhos. Com seu espírito sempre inovador e aventureiro, nunca parou de estudar. Formou-se em Letras, Pedagogia e Direito. Como educador deixou marcas inesquecíveis nos corações estudantes pois carrega em si até hoje, um grande coração estudante. Homem íntegro e sonhador que não se cansa de acreditar num mundo melhor e mais justo e que vê na educação o único caminho para essa conquista. Atualmente, Professor Calais, carinhosamente assim chamado por todos, mora numa linda casa de esquina da sua fazenda que se transformou num bairro de destaque. De lá pode ver a herança deixada por seu pai: Terras e sonhos Terras e gente Terras e ruas que se cruzam e se completam traçando assim o destino de sua querida cidade que completa 100 anos de história. De sua varanda, Professor Calais acompanha o crescimento ao seu redor e se embala no crescimento da emoção de seu coração. Coração jovem que crê na vida e no amor. Quem passa pela avenida é capaz de ouvir as batidas de seu coração que não desiste de ser feliz! E a história continua.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Parabéns para as mãezinhas: de primeira, de antigas ou de repetidas viagens. Todas estas novas e únicas. Eu passei o Dia das Mães no quente-útero da minha. No golo do galo que só deu gol. Na conversa mole, na cerveja gelada, na mesa posta. No soninho da tarde. Na volta que sempre me espera. E na esperança de sempre voltar.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Vai me amar na van.

_Nesse Rio de Janeiro está tudo errado!

_O que foi?

_O motorista dirigindo e falando no celular! Quero sair daqui, viver em outro lugar.

_Você mora onde?

_Leblon. E você?

_Não moro aqui, moro em Belo Horizonte.

_Belo Horizonte?...Belo Horizonte é perto de Minas, não é?

_Belo Horizonte é em Minas. A capital do estado.

_Estou querendo ir pra Minas: Ouro Preto. Lá é legal?

_Onde?

_Belo Horizonte. Tem muito turismo, balada?

_É.... tem a Pampulha...mas é uma cidade mais pra morar.

_Tem praia?

_Não...

_É que quero ir pra Minas por causa do meu curso.

_E qual curso você faz?

_Turismo.

(É...nesse Rio de Janeiro está tudo errado mesmo!)

*Esta não é uma obra de ficção. Qualquer relação com nomes, situações, lugares e as melhores conversas em transportes coletivos não é mera coincidência.

terça-feira, 27 de março de 2012

O meu pin.

Nunca vi Pina Bausch ao vivo, viva. Nunca vi sua companhia dançar mesmo depois de Pina morta. Meu universo de dança é composto por companhias nacionais e pela influência da turma de Klaus Vianna e Ivaldo Bertazzo, introduzidas pelas minhas irmãs, que dançam. E muitas performances na época de faculdade, claro.
Dança é uma arte que me causa um certo incômodo. A ausência de palavras briga com aquele tanto de letra que é exibido o tempo todo em meu cérebro, que acabam me atraindo mais. Isso também vale para as artes visuais. Mesmo sem querer, gastei uma parte da segunda-feira para tentar resolver isso.
Sempre tive medo de não gostar de Pina Bausch, assim como de Guimarães ou Dostoievski. Acho que era um bom dia para esconder este medo, ou tentar vencê-lo. Poderia ir, não gostar, não contar para ninguém e ainda colocar a culpa no dia da semana. Ninguém precisava me ver nem perguntar algo sobre. O filme me ganhou de cara, a 1ª frase que assimilei falava algo assim: "o que as palavras não podem dizer, a dança pode expressar." Esta frase me lançou para dentro do filme e do universo de Pina Bausch. Ela virou, naquele momento, o meu mundo de cabeça para baixo porque, para mim, sempre foi assim: o que as imagens não podem expressar é que é dito pelas palavras. Talvez o que eu precisasse mesmo era dessas palavras para entender melhor a dança, para ser absorvido por aquelas imagens, e compreender de uma maneira mais profunda outras linguagens. E como estas, em conexão, se unem para uma leitura muito mais interessante do mundo em que vivemos. Às vezes não se pode falar, e sim, expressar. Desenhar, vestir, cantar, iluminar, ilustrar, explodir. E tudo isso se une neste filme-dança-poesia: expressão corporal, direção de arte, locações (e que cidade!), luz, figurino. E quão sábias foram estas palavras, gestos e imagens para mim. Pina e sua dança, Wenders e seu cinema foram expressões tão importantes que me fizeram, até, escrever.

domingo, 8 de janeiro de 2012

ÇERTO E ERRRADO

"Eu não escrevo sobre mocinhos e bandidos. Escrevo sobre conflitos entre o certo e o certo. Trágicos conflitos entre o certo e o certo. Aliás, considero o conflito palestino-israelense um conflito entre o certo e o certo. Entre uma reivindicação muito poderosa pela mesma terra e outra reividicação não menos poderosa pela mesma terra. Esta é a natureza da tragédia: duas reividicações poderosas. Caixa Preta e todos os meus livros não são sobre mocinhos contra bandidos. Quando acordo de manhã - e me levanto cedo, às 5 horas da manhã - caminho por 40 minutos no deserto onde eu moro, e, em seguida, volto, tomo uma xícara de café, sento à minha escrivaninha e começo a me perguntar: E se eu fosse ele?", "E se eu fosse ela?", "E se eu fosse eles?". E me coloco no lugar de todos. Sim, em Caixa Preta todos estão certos e errados. Esta é a essência da história, a essência do que escrevo. Uma História de Amor e Trevas fala da tragédia dos meus pais e os dois estão certos e errados. Portanto, escrevo sobre pessoas que estão sempre certas. Há uma história judaica sobre um rabino que, como um juiz, tem de decidir entre duas reividicações pela mesma cabra. Ele ouve todos e, em seguida, diz: "Ambos estão corretos." Ao chegar à sua casa a esposa lhe pergunta" "Querido, como podem ambos estarem certos se reivindicam a mesma cabra?" E ele diz: "Sabe de uma coisa, querida, você também está certa." Eu sou este rabino. Quando escrevo um livro eu sou este rabino. Todos têm razão." Amos Oz