quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Para Casa Natora (na-tora.blogspot.com.br)

E tudo começa pela falta A falta faz buscar um lugar. E nesta casa quem pode entrar? Materiais descartados de outras obras. Uma obra feita de obras outras. Obras criadas por seres não descartáveis. Não faltam motivos para não entender. Mas como o nosso desejo deve ser algo que passa longe de uma compreensão, somos todos convidados. A casa é como retalho de vidas. E não uma única vida: a vida que está à volta. A vida de todos: o vaso de um, a esquadria de outro, o quadro da história de alguém. Com trabalho e desejo, foi crescendo e tomando forma. Colocando coisa, colocando gente. Cachorro, planta, banheira, chão e piscina. Quadro, arte, cama e fogão. Sentimento e afeto: teto. Água e luz: que luz! Mirante-céu. O dia foi caindo e a gente foi conversando coisas mais sérias. Até chegar a alguma compreensão que ainda não havia virado linguagem. Um dia que se vai junto a uma angústia. Um buraco no meio de tanta coisa cheia. Um zero cercado por uma linha imaginária. Um vazio lotado de significado. Um tanto bom que não passa da conta. Algo que protege sem aprisionar. Um sujeito que surge em meio a tanto querer antes intraduzível. Significando algo do que mais desejamos. E não precisa concluir. Aqui, estamos sujeitos.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Aos alemães.

"No entanto, essa vitória da castidade não era mais que aparente, não passava de uma vitória de Pirro, pois a potência do amor não se deixava reprimir nem violentar, o amor oprimido não estava morto, não; vivia, continuava, nas trevas, no mais profundo segredo, a almejar a sua realização, rompia o círculo mágico da castidade e ressurgia, ainda que sob forma metamorfoseada, dificílima de reconhecer... E qual era, afinal, a forma e a máscara que usava o amor vedado e oprimido na sua reaparição? Eis o que disse o Dr. Krokowski: – Sob a forma de doença. O sintoma da doença nada é senão a manifestação disfarçada da potência do amor; e toda doença é apenas amor transformado. " Thomas Mann, em A Montanha Mágica, concluído em 1924.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Assim

Mas é assim: ou o povo cai de cima do viaduto ou o viaduto cai em cima do povo.