segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A parte que ME cabe

Ainda mexidos e tentados a entender melhor o que aconteceu no Brasil e no mundo após as Manifestações de 2013, buscamos uma mínima ou inédita compreensão do papel e da importância de cada Sujeito neste processo. Nas ruas ou diante de suas telas cada vez mais interativas, pessoas se pronunciam como nunca pelas diversas janelas ou marcando presença corporal em blocos de manifestantes, de foliões, de moradores de rua, ocupando espaços que anteriormente pareciam não serem delas. Daqueles que só levam a roupa do corpo àqueles em que as roupas não têm mais espaço para serem guardadas, adoradores do passado ou do futuro gritam e pedem respostas para algum conforto maior no presente. O gozo por meio do consumo virou ordem e, em um momento em que a festa chega ao fim, as pessoas se perguntam qual o trajeto, para que parte da cidade caminharão e onde depositarão os restos de um banquete que mal começou, mas parece que tem seus minutos contados para acabar. E não há mais ninguém para limpar, a não ser você, os seus próprios dejetos. Continuaremos pela busca de identificar sujeitos capazes de tomar o espaço público e transformá-lo em uma festa sem área vip nem pulseiras ou catracas para o acesso. E debateremos sobre o que resulta deste encontro de corpos historicamente treinados para estarem em ambientes separados ou em funções claramente pré-estabelecidas: está servido e/ou a serviço? O movimento não cessa. Aqui e lá fora "não cansa de não se entender". E é por isso que este trabalho de investigação será sempre tão instigante e inesgotável. Por meio de sintomas que estão no lugar e no tempo em que vivemos, podemos ter a certeza de que há algo do incompreensível em nossa construção que nos trouxe até aqui. E que temos muito que percorrer para chegar, talvez, ao mesmo lugar. Este que jamais será o mesmo.