terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Nós

Nada de nós sem nós. Ficou ali naquele imaginário do outro, compartilhado por um simbólico ordinário, comum e ordeiro, cordeiro, empobrecido. Algo que tem pena do outro e, ao mesmo tempo, goza com o seu sofrimento. O seu aí cabe muito bem, pois é seu e do outro ao mesmo tempo e a gente sabe disso. E cadê o real? Cadê aquilo que fez pulsar, fez ir, atravessar oceanos? Onde estava o sujeito? A sujeita. O que a sujeita tinha de único e lindo a dizer para além dos clichês? Para além no sentido de trans, que é o significado da palavra. Ficou ali, na mesma. Cis: do mesmo lado de sempre. Quando iremos além? A partir de quando começaremos esta viagem? Precisaremos nos matar quantas vezes mais, inclusive de vergonha e constrangimento? Isso: faltaram nós. Faltou nós. Cada um de nós.