sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

"Coisa de primeiro mundo"

"No terceiro mundo, os países são obrigados a vender a qualquer preço a mão-de-obra, as matérias-primas, as bases militares e a subordinação política em troca da sobrevivência. China, Índia e Brasil são uma excessão, tanto pelo tamanho como pelo fato de conterem internamente três mundos. No primeiro, no caso do Brasil, eu incluo Caetano Veloso e os meus amigos Chico Buarque e Oscar Niemeyer. Esses são os grandes traders do Brasil pós-industrial. Mo segundo mundo estão as fábricas, como a Fiat em Minas Gerais e a Ford na Bahia. E no terceiro, as favelas."

Extraído do artigo Organizações Criativas de Domenico De Masi, sociólogo italiano.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Homens em guerra x outros loucos pra amar

Tenho notado esses dois tipos de seres humanos divididos em times bem distintos: os homens em guerra passam pelo mundo brigando com tudo: filmes, livros, cidades, pessoas assim, pessoas assadas e, principalmente, com eles mesmos. Loucos pra amar passam anos e anos fazendo elogios, angariando mais e mais pessoas para a sua coleção de amigos, além de listas intermináveis de filmes, livros, discos, astros, ídolos, selos, viagens, países e até continentes inteiros. Homens em guerra não suportam Loucos pra amar e este fascínio é recíproco. Loucos pra amar se reúnem em mesas de café-da-manhã intermináveis enquanto homens em guerra chegam perguntando se aquela-falta-do-que-fazer vai terminar antes que o almoço seja servido. Loucos pra amar dão bom-dia para uma pessoa que teve um conflito no dia anterior. Homens em guerra nem respondem, melhor, nem olham. Loucos pra amar estão sempre bem, ou fingem que estão. Os opostos fingem que estão mal, mesmo estando tudo bem. Uns escondem as tristezas em sorrisos, os outros contêm a alegria com medo de perdê-la ao dividir. Um espetáculo maravilhoso nunca é tão maravilhoso para um homem é guerra. Um mediano tem, no mínimo, uma gota doce numa noite amarga para um Louco pra amar. Homens em guerra precisam, desejam amar e sempre se sentem mal-amados. Loucos pra amar têm sempre alguém para amá-los, já que são claramente loucos por este verbo. Se é assim, homens em guerra são outros loucos pra amar. E os loucos pra amar såo homens em guerra disfarçados na absurda necessidade de um amor que, muitas vezes, não existe.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Oásis

Meu aniversário caiu na quarta de cinzas: nada a comemorar.
Eu estava exatamente no meio: entre a folia e a contenção.
Entre o gozo extremo e a castração.

Eu ali: parado.

Sem dar conta deste em cima do muro, parti para onde isso não fazia sentido.
Outro país, quase sem carnaval, quase sem cinzas.
Sem tantas alegrias, portanto sem ressaca.
Um deserto.
Só que um deserto totalmente povoado
de coisas que gosto.

Pessoas do mundo soltas ali.

Experimentar algo entre a liberdade de estar num lugar de passantes.
E a prisão entre a aridez e as poucas almas que por ali permanecem estáticas.
Cordilheiras, lagunas e gêiseres presentes na comemoração.
Um céu de estrelas onde um teto é quase sem sentido.
Deletei o feio, o antigo, o riponga: nem quero, não vejo.
Grudei no belo: deu certo.

Amei estar ali no meio, atraindo iguais ou quem eu quero enxergar como tal.
Quem sabe este não seja mesmo o caminho inevitável?
Não dá mais para fingir gostar do que não gosto: já ganhei idade.
Amei estar no deserto e me sentir o tempo todo bem-acompanhado.
De certo, isso é um oásis para mim.

Posso comemorar.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Conto de fadas

Um artista norte-americano do Cirque du soleil ganha um cd de presente e, para entender as letras em português, começa a traduzi-las. Ele se apaixona pelas belas poesias, pela suavidade de uma voz e por todo aquele universo feito de pura arte. A partir desses fatos, aprende a falar a nossa língua através das letras das canções.

A televisão registrou este encontro. Está aí para quem quiser ver. Eu já vi esse filme com algumas mudanças no roteiro, mas definitivamente não me canso de me emocionar.

Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=yHlciB5jq6c

Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=966NlD6umWg

Parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=Ss_F9WWUdec

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Meu nome é Brasil

Em direção ao cumprimento de mais um compromisso profissional, andando pela calçada, vi um camelô em uma dessas bancas de cds e dvds piratas.

Observei que um guarda fardado se aproximava, senti que o vendedor iria perder toda a sua mercadoria e se meter em uma daquelas desagradáveis discussões do que é fora e dentro da legislação vigente em nosso querido país.

O guarda se aproximou com uma cara sisuda, olhou fixamente para o ambulante e perguntou:

Chegou "Meu Nome não é Johny"?