quarta-feira, 28 de novembro de 2007

É na Lagoa que mora o amor

Estava sentado no cimento, conversando com fãs de vários lugares do Brasil e, pasmem, do mundo. Como todos que estavam ali, aguardava a Marina entrar em cena.

De repente vejo uma moça buscando o seu lugar. "Peraí, eu fui ao show dela em BH e fiquei encantado com a sua voz, simpatia, postura corporal, profissionalismo, resumindo, talento mesmo."

Era a Jussara Silveira, que eu gosto e que, gosta de Marina, que gosta dela (descobri logo todos estes links).

Disse aos amigos, vou cumprimentar outra cantora que tem me impressionado.

Ela me pediu para entrar em seu site: hoje entrei e encontrei um relato que queria muito que fosse meu.



MARINA LIMA NA LAGOA


Domingo, 25 de novembro - vi um show de Marina Lima, na Pista de Patins da Lagoa Rodrigo de Freitas e foi maravilhoso. Era uma apresentação contratada pela Prefeitura do Rio, comemorando o dia da NÃO VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER . Que, como dizia o slogan, “a não violência começa em casa”.

E como dizia aquela canção do Jorge Ben Jor... "Todo dia era dia de índio", penso que todo dia é dia de Não Violência contra a mulher e contra todo ser vivo e é muito triste constatar que a maioria dos homens vive num tempo de violência e se esquecem da delicadeza de cada dia, tão necessária à vida. Fico com o verso do enigmático profeta/poeta de rua, das ruas desse Rio de Janeiro: “GENTILEZA-GERA-GENTILEZA”.

Mas eu estava a falar de Marina Lima. Lembro-me muito bem de Marina, lá nos primórdios, para citar a própria Marina – ou citar Antonio Cícero, seu irmão, parceiro, grande poeta e letrista, que com tantas parcerias, medidas perfeitas de letra e música, reviraram minha vida.

Lembro-me bem daquele show, OLHOS FELIZES, onde um jeito de cantar e se comportar no palco eram totalmente inovadores e que tinha a direção de WALY SALOMÃO (homem imenso, cheio de um amor imenso). Não perco os shows de Marina, mas ainda não tinha assistido a esse novo e pude me deliciar com a apresentação das canções do novo cd que soaram ainda mais incríveis ao vivo, com a banda impecável, e ainda com "velhas novas canções tocantes" que marcaram tantos momentos e que ainda reviram nossas vidas; era o que eu sentia ao meu redor, com aquele coro de pessoas unidas pela fortaleza daquela grande mulher, que ao entoar os versos de NERVOS DE AÇO (Lupicínio Rodrigues), “desmaia” e volta imediatamente deslumbrante e antes de se lançar à próxima canção, diz no microfone: “- sobrevivi”. Sim, sobreviveu sim, é o que todos que acompanham a trilha de Marina, podem constatar.

Ela é cada vez melhor e é ao mesmo tempo, a Marina de sempre que nos seduz em tudo: com seu canto e seu jeito únicos.

Beijos,
Jussara Silveira

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O brinde que não faltou

Mas a dança não pode parar. "Ahmed, ela está te procurando!" Escuto a voz de uma amiga a me impulsionar para cima do palco. Subi, atirei-me nos braços dela e depositei minha cabeça sobre seus ombros, entregando-me sem pudor ao vício. Senti que tinha vivido muita coisa para chegar ali. Envolto a muitas pessoas conhecidas e a outras distantes, sob as luzes, sobre o palco, no lugar onde as minhas emoções foram lidas da maneira mais intensa, já que ali eram traduzidas em arte. Ao redor, tudo escuro. Dentro uma clareza de que aquele momento era realmente meu e que, nem um pequeno caos do destino poderia roubá-lo de mim. Sob o doce instrumental de Virgem eu era desvirginado. Despido de vergonha e de medo. Abraçado a um amor real, de onde músicas, letras e, mais do que nunca, danças eram fabricadas com o destino certo do meu coração. Eu debruçado e acolhido por uma fábrica de poemas e emoções que me tocaram em distintas fases da minha vida. É incrível, mas esta fração de tempo durou isso tudo. E quando não era para durar mais, saltei do palco em uma gesto contido de comemoração. Naquela momento havia deixado de ser apenas fã para que alguma intimidade fosse batizada. Ao fim da canção ouvi um "quero agradecer ao meu queridoco Ahmed e ao rapaz que não sei o nome, mas que também é um gato". Com o testemunho de todos presentes, meu maior ídolo havia se tranformado em amigo. E a partir dali nem mais um único brinde iria ficar sem som.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Fechado para o Ahmed (nem precisava ser tão literal)

Alguns dias começam melhores que outros, claro. Para curar minha ressaca não-alcóolica matinal e minha vontade de ser médico por um dia só para ser convidado para este show patrocinado por um laboratório de extremo bom gosto, recebi este e-mail assim que cheguei ao trabalho:


Oi Ahmed
Tudo bem?
A Marina gostaria de te convidar para o show que vai acontecer aí em
BH no Palacio das Artes no dia 22 de Novembro. Posso confirmar a sua
presença e do seu acompanhante?
Fico no aguardo.
Beijos
Fabi W.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Para a minha mãe, D. Léia

"O sujeito perde aquilo que lhe é mais caro." Lacan

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Um normosofóbico delirou lendo isso.

O Fábio Honório, do Rio, postou na comunidade da Marina Lima e eu adotei. Agora é meu!

NORMOSE

Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de
normose, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido.
Quem não se "normaliza" acaba adoecendo.

A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?
Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado.
Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá
quem for todos.

Melhor se preocupar em ser você mesmo. A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato?
Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.
Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não tentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais. Eu não sou filiada, seguidora, fiel, ou discípula de nenhuma religião ou crença, mas simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.

Martha Medeiros (05.08.07-Jornal Zero Hora-P.Alegre-RS)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Pérola Negra

"Dos artistas do Rio, metade é preto que acha que é intelectual, metade é intectual que acha que é preto." Na atual onda das patricinhas-que-cantam-samba, acho que mais esta polêmica e genial frase do Tim Maia pode ser estendida a todo o território nacional.


Em contraponto, outra frase que amo: "isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além." Paulo Leminsky.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Não é por nós dois

Entre a passagem de som e o show, em casa, eu não sabia o que iria me ajudar mais: um personal stylist ou uma boa dose de coragem. Investi na segunda opção, até porque me considero o melhor personal stylist de mim mesmo e não tenho o menor problema com vestuário. Vesti um dos meus uniformes e fui ao show com a cara, com a tal coragem e um bolo de ingressos na mão. Estes seriam entregues a fãs amigos e familiares:alguns da Marina e outros meus, entende? Na verdade, acho que todos dos dois. Os que não eram fãs trataram logo de inventar uma doença, um medo ou uma falta de grana para justificar a ausência e tudo ficou por isso mesmo. O nervosismo estava o normal de show: ansioso, inquieto, descontrolado, estabanado. Normal. A música da dança era tipo a sexta ou sétima do set list. E até que consegui curtir o que rolou até este momento. Aí Marina sai do palco de forma teatral (desmaiada nos braços do contra-regra, é muito bom!) e volta cantando a minha música predileta. "As coisas não precisam de você", Ahmed! O show não precisa de você. Esta música não precisa dos seus passos duros e toscos nem dos seus desafinos, da sua emoção tola, banal, barata. Não precisa mesmo que você, em mais um ataque egocêntrico de caçula mimado, já a tenha tomado para você mesmo. Putz, é agora? Vai rolar a parte instrumental e ela...e ela..e ela...em um local que havia combinado, mas depois descombinado não me chama e, sim, um cara levemente parecido comigo. E os dois bailam ao som da minha música. E por um segundo, nada daquilo "foi por nós dois nem lembrou o nosso amor."

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Para sempre

Falando sobre a mesma mostra, vi uma criança passando pela Praça de Santa Tereza e dizendo para o seu avô: "O cinema deveria ficar aqui na praça para sempre, vô!" O cinema é mesmo a arte de fazer as coisas durarem para sempre, inclusive cenas que não foram filmadas.