Li isso na entrevista de Almodóvar no Mais da Folha de SP e me tocou por um lado:
"Em Abraços Perdidos, a personagem de Penélope não se sente realizada vivendo num palácio, amarradas por correntes de ouro."
Continuei a ler e me tocou por outro:
"Sobre a redução no número de espectadores, acho que a pirataria tem muito a ver com isso. Vivemos uma fase de mudanças muito grandes em tudo o que diz respeito ao consumo de imagens, e só existe uma saída: estruturar esse consumo.
Não acredito que o cinema visto nas salas de cinema esteja morto, assim como não acredito que os jornais estejam mortos. Não vou a um café para ler o jornal no meu computador, e, como eu, há muitas pessoas.
Existem muitas coisas paradoxais, como o fato de que vejo os filmes muito melhor em meu televisor de plasma do que numa sala de cinema.
Isso me dá calafrios, porque aquilo de que gosto é justamente ir ao cinema, me sentar com pessoas que não conheço.
As novas tecnologias proporcionam uma qualidade extrema para assistir a filmes em casa, mas, ao mesmo tempo, essas mesmas tecnologias e a quantidade de janelas possíveis estão deseducando o gosto dos jovens e degradaram o produto cinematográfico, do mesmo modo que os iPods degradaram a música."
Aí parei porque achei que já estava completo, naquele espaço de tempo.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
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2 comentários:
Não sei porque mas não vi esse teu texto embasado antes. Fiquei tocada também ... estou num projeto coletivo aqui em Curitiba que se propõe a construir coletivamente 3 filmes de curta-metragem a partir de um documentário. Somos alunos alunas -roteiristas, produtores, atores a atrizes trabalhando juntos e nossos filmes nasceram de uma investigação na realidade concreta.
Sei bem como é estar na contra-mão do fluxo ... sabemos bem como é produzir coisas nossas pra nós mesmos. Mas ainda há esperanças de alimentarmos nossa cultura primeira.
O paradoxo citado por Almodóvar é realidade e só podemos nos posicionarmos quando sabemos quem somos e pra onde queremos ir, né?
Adorei o texto ...
Beijo, Bel.
Eu fico com várias dúvidas. Por um lado triste destas mídias de cinema, jornal, música, estarem passando por uma marola de incertezas. Mas por outro lado é bom saber que nos cafés estarão poucas-e-boas-companhias lendo jornal, na loja de CDs poucas-e-boas-companhias que deliciem em ver capas, letras, conteúdo e principalmente no cinema, uma sala pequena com filmes não-comerciais e poucas-e-boas-companhias que apreciem a sétima arte.
Vamos lá Almadovar não desista, não desanime, não "desesperance" sobre sua arte. faça mais e mais para poucas-e-boas-companhias. :)
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