domingo, 16 de março de 2008

Desamando e desarmando

Tenho falado muito em ser uma pessoa seletiva. Que isso é fundamental atualmente na minha vida. Geralmente, meus amigos filósofos de mesa de bar contestam, falam que eu sou estranho, sistemático e tal. Mas esta construção que passa por gostar de alguns lugares e situações e detestar outras parece ser o ponto central da minha alma, agora. E isso incomoda: não a mim, mas ao outro. Todos treinados pelos pais escolas e programas de tv para “amarem uns aos outros” incondicionalmente. O que penso hoje é que ser assumidamente antipático a determinada pessoa é uma grande forma de amor. É desarmar uma bomba que pode explodir a qualquer instante. “Não nos damos bem e daí. Alguém aqui acredita que é possível ser bacana com todo mundo?” Talvez nada precisa ser falado e dá pra ser educado, claro. Mas bancar uma onda de sorrisos, beijos e abraços constantes é uma escravidão absurda, difícil de ser suportada. O engraçado é que esta equação, que a princípio parece restringir opções, só multiplica e aprofunda as relações e tudo o que você faz na vida. O filme que você vê é o que realmente gosta, o livro, o amigo, o amor. Você passa a trepar, no sentido de fazer com prazer, com tudo o que está à sua volta, que na verdade, foi construído por você mesmo. E o melhor desta história, é que laços com pessoas que não devem fazer parte da sua vida podem ser rompidos de uma maneira leve, sutil, sem rancores. Com este rompimento se vão aqueles que uma dia foram potenciais inimigos e hoje são apenas pessoas comuns, que não interferem em sua vida e que, por isso, não têm o menor motivo para serem desamadas por você. Sacou?

13 comentários:

Rebecca M. disse...

A Clarice falava uma coisa em que acredito demais: ela dizia que se deve respeitar as pequenas violências, pra não cometer as grandes...

Acho que isso se encaixa um pouco no que vc falou. Há coisas que é preciso recusar. É melhor recusar do que aceitar com falsidade ou desprezo.

Isso não implica que vamos sair queimando pessoas por aí. Podemos, como vc diz, ser educados, cortezes, e até amáveis. Mas não necessariamente vamos incluir na nossa vida pessoas, filmes, livros, objetos e músicas que, por princípio, não nos interessam, não nos comovem, não nos transportam para outros lugares.

Por outro lado, às vezes acontecem surpresas deliciosas... e de onde menos se espera, acontece o milagre...

Ahmed Hamdan disse...

Grande contribuição, Rebeca. Adorei!

Anônimo disse...

Taí. Gostei do texto. É difícil aprender essa lição, porque somos muito dependentes da aprovação alheia e não é nada fácil ligar o "foda-se" pro olhar do outro (condição sine qua non pra gente ter a confiança de distribuir uns "nãos" por aí). Rebequinha como sempre brilhou também. Beijos nos 2.

Rebecca M. disse...

A ju está certíssima! Como em mim predomina o tipo "louco para amar", eu acabo não conseguindo muito me isolar tanto do que, a princípio, não gosto ou não concordo (só se for algo muuuuito foda), daí é que vêm as tais surpresas...

Se eu já eliminasse de cara (como às vezes dá vontade), eu perderia muito.

Mas engraçado foi o que o Ahmed falou (nem lembro se foi aqui): com a idade, ficamos mais firmes nas recusas.

Quando eu era mais nova, eu era a verdadeira "Agrado" do filme do Almodóvar (lembram daquela que queria agradar todo mundo?).

Agora estou menos assim... meu lado "em guerra" vem aflorando e se afirmando mais.

Nossa, virou uma terapia esse seu blog, baby... rsrsrs!

Bel disse...

... penso muito sobre isso. Na necessidade que tenho de separar e diferenciar meu jeito de lidar com quem gosto e com quem desgosto. Essa ética própria só pode ser fundamentada ao longo do tempo que corre por nós. Só o tempo alivia e abre espaço pra uma coerência afetiva. Eu confesso que não gosto de receber o mesmo carinho que todos (sabe aquele carinho que vem acompanhado de um abraço, aquele que deslisa um toque pelas costas... eu que é tão bom quando é verdadeiro e afetivo ... e tão desconfortável quando se acelera atropela uma intenção de intimidade?). Gosto de diferenciar meus afetos e gosto, ainda mais, de me sentir diferenciada (mesmo que seja pela via da distância, pra alguns). Gosto de claridade!
Tens muita razão, ou melhor, gostei da tua fundamentação. Tua ética tem que atender primeiro à ti pra depois se espalhar pelo mundo.... teu.
Um beijo, Bel.

Anônimo disse...

Adorei,
O tempo é o melhor remédio,
Concordo com sua Amiga Rebeca.
este seu blog esta virando uma terapia para mim.
Abraço e Parabéns,
Continuemos a análise............

Anônimo disse...

Esqueci de me identificar.
Alex.

Anônimo disse...

Tô dorando. Muito bom tudo. Acho engraçado que este blog já foi construído com esta característica: de atrair (só) as pessoas que têm a ver comigo. Beijo em todos. Alexandre, estou adorando a sua presença! Bel firme aí tb. Ju, Rebs, todos com contribuições preciosas. Vou garimpar mais histórias por aí. Até!

Anônimo disse...

Quanta loucura essas conversas atravessadas...pra quem gosta de mind games está ótimo. parabens.

xela

Anônimo disse...

PERFEITO SUAS FRASES VC E PERFEITO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ESSAS FRASES TEM TUDU A VER COM MEU MOMENTO!!!!!!!!!!! UMA REFLEXAO E TANTO!!!!!!!!!!!!!

Anônimo disse...

PERFEITO SUAS FRASES VC E PERFEITO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ESSAS FRASES TEM TUDU A VER COM MEU MOMENTO!!!!!!!!!!! UMA REFLEXAO E TANTO!!!!!!!!!!!!!

Ahmed Hamdan disse...

Bom ter a ver com o seu momento, Thiago. Melhor ainda é não ser perfeito. Valeu! Xela, e vc gosta de mind games? Tks,

Anônimo disse...

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