quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Paraíso Zona Norte (não fecha para balanço)

Todo janeiro é assim. Na virada do ano não se vê ninguém, dizem. Porque eu também não sou visto e nem posso comprovar. Encontrar alguém vira tarefa complicada. Resolver algo então, deixa pra depois. A cidade fecha para balanço. Após alguns dias, ruas vazias, poucos carros e pessoas. Aí tem o lado bom. Quem fica está nos escritórios, clubes (se a chuva não pega por 15 dias seguidos), cinemas, shoppings e afins. Em um domingo de sol, ligo para amigos. Todos na internet fazendo o quê? Olhando passagem para, de alguma forma, sair deste lugar. Congestionamento. Logo no domingo. Logo no site da Gol. Sem muita esperança, vamos fazer um programa-almoço, que envolve sair um pouco do asfalto, descansar do vazio da urbanidade, neste caso, literal. A cidade tem várias opções ao seu redor: todas em um estilo parecido. Saio do urbano e, em 15 minutos, caio nas minhas origens rurais, lembro-me da casa da vó, da comidinha, engordo uns quilinhos e volto. Programa fácil, até certo ponto seguro e, após muitas repetições, insosso. Este é o lado sul do domingo. Uma sugestão: "Vamos para a Pampulha?". Mais óbvio impossível. O cartão-postal da cidade, que tem a maior fama de longe e fica no lado norte. Sim! A lagoa estava bem-cuidada, primeiro susto mesmo que isso já seja mais normal nos últimos tempos. Há um trauma nos moradores, uma certa auto-estima baixa, de tanto descuido do passado. Árvores e pessoas à sua volta, um sol gostoso molhado por um espelho d'água lindo. Gente feliz gastando o domingo. A Igreja de São Francisco: uma obra de arte. Todo olhar não se cansa dela. É um mar colocado ali. Turma mais animada no carro, já sentindo que ganhou. Vamos parar neste parque novo, metido a Curitiba. Fechado! Fechas às 5 no domingo-em-horário-de-verão? Perrrrdeu, playboy. A volta continua por seus 18 km. O Museu da Pampulha. Li na capa do jornal:" vá ao museu". Pára! Lugar lindo com uma exposição chamada Bolsa Pampulha. 10 ou 12 artistas foram bancados para fazer intervenções doidinhas e politicamente corretas na cidade. Gastamos um tempo e envolvimento nas obras. Pessoas comuns interessadas à volta. Pô, tô pagando com imposto, mas valeu demais. O sol começa a ir para o Japão. Hora de curtir a grama verde dos jardins de Burle Max, bem pertinho de uma família....de capivaras! Lindas, umas 12. E 4 bebês. Todas gastando seu eterno domingo. Queria levar uma bebê para casa, mas me informaram que é crime ambiental e que a multa é de uns R$5 mil. Achei caro. Próxima parada: ver avião descer na calda da pista do aeroporto. Parece que vão bater na gente. Neste momento já havíamos virado criança e nem tínhamos percebido. Assim veio a vontade de ir ao Parque Guanabara, Mangueiras no meu passado. Enchemos o cartão de ficha, mundo modernizado e fomos aos prediletos: Twist (e a lua nasceu cheia lá do alto). Esta sorte me roubou o medo. Quando tinha 16 eu era tão corajoso, não entendo este medo adquirido no mercado de trabalho, sinceramente. Em seguida a Monga, mulher que vira macaco. Essa é a minha predileta, sempre foi. Já tive muito medo dela, mas o racional e aqueles truques mambembes me roubaram o medo. Pena, foi tão bom lá na infância, quando empurramos o porteiro, ralamos o braço e fizemos lotar as sessões seguintes da tansformação de uma popozuda em Chita. E a roda gigante que não pode faltar, a minha imagem da felicidade sobre cadeirinhas giratórias, leves, lentas, mas com uma gota de emoção. Felicidade transbordando, hora de ir, antes que acabe. Prazer tem limite e esse eu não queria que virasse dor. Um telefonema com uma notícia boa, um, apenas um, brinde para comemorar e vamos nos fechar em nossas casas. Agora sem precisar da procurar passagem para curtir o balanço. A viagem estava fechada.

4 comentários:

Faz graça não... disse...

Teve maçã do amor?

Adorei!

Abs,

Anônimo disse...

Teve demais, mas guardei pra mim esta parte! Abração! Ahmed

Anônimo disse...

Tio, lembro da minha infância neste parque muito legal. Amei o texto. Saudade de você!! Fá

Juliana Sampaio disse...

Belo relato! Bjo.